Olá, internautas!
O conto "Corpo Seco", da autoria de Tati Baruel (e colaboração de Elton Rivas, Érica Turci e Stela Lemes), passou na primeira fase do Mapa Cultural Paulista: a municipal.
Ir para a fase regional já seria uma alegria para esta assombração, mas estou deveras encantado porque o conto selecionado é justamente o que fala sobre mim.
Achei muito bacana! (por sinal, gostei de usar essa gíria)
No livro, o conto é um dos últimos, mas devido a esta seleção, os autores decidiram antecipar a sua publicação. Ele segue abaixo.
Abraços cordiais!
CORPO SECO
Naquele tempo em que o galo acordava mais cedo, acontecia uma coisa muito tenebrosa.
A pessoa que fazia muitas maldades ao longo da vida, quando morria, nem a terra aceitava e jogava o corpo pra fora.
A pele da pessoa secava em cima dos ossos, o cabelo e as unhas continuavam a crescer. Então ela virava uma criatura medonha: o Corpo Seco.
O Corpo Seco sempre queria voltar para o lugar onde tinha vivido. E quando chegava lá, não saía de jeito nenhum.
Certa feita, um sujeito chamado Eloíno Gandú, mais conhecido como Nonô, comprou um sítio por preço de banana.
O conto "Corpo Seco", da autoria de Tati Baruel (e colaboração de Elton Rivas, Érica Turci e Stela Lemes), passou na primeira fase do Mapa Cultural Paulista: a municipal.
Ir para a fase regional já seria uma alegria para esta assombração, mas estou deveras encantado porque o conto selecionado é justamente o que fala sobre mim.
Achei muito bacana! (por sinal, gostei de usar essa gíria)
No livro, o conto é um dos últimos, mas devido a esta seleção, os autores decidiram antecipar a sua publicação. Ele segue abaixo.
Abraços cordiais!
CORPO SECO
Naquele tempo em que o galo acordava mais cedo, acontecia uma coisa muito tenebrosa.
A pessoa que fazia muitas maldades ao longo da vida, quando morria, nem a terra aceitava e jogava o corpo pra fora.
A pele da pessoa secava em cima dos ossos, o cabelo e as unhas continuavam a crescer. Então ela virava uma criatura medonha: o Corpo Seco.
O Corpo Seco sempre queria voltar para o lugar onde tinha vivido. E quando chegava lá, não saía de jeito nenhum.
Certa feita, um sujeito chamado Eloíno Gandú, mais conhecido como Nonô, comprou um sítio por preço de banana.
Na época, o rapaz achou que tinha feito um ótimo negócio. O sítio tinha uma casa boa, baias, lago e pomar.
Mas a alegria de Nonô durou pouco. No dia em que ele ia se mudar, começaram a acontecer umas coisas...
Primeiro ele tentou entrar pela frente da casa. Girou a chave, a fechadura destrancou, mas a porta não abriu. Nonô empurrou a porta destrancada e nada, ela nem se moveu.
O moço então deu a volta e destrancou a fechadura da cozinha. Forçou a porta, mas ela também não abriu.
Dali a pouco, começou uma ventania tão forte que carregou o chapéu do Nonô pra longe.
Desconfiado, o rapaz foi até a cidade para assuntar sobre o acontecido.
No Mercado Municipal entendeu porque o sítio tinha sido uma ninharia. Contaram pra ele que naquela casa morava um Corpo Seco, um fazendeiro ruim que era uma praga na sua época de vivo.
Nonô voltou ao sítio, decidido a negociar com a assombração.De fora da casa, ele ofereceu tudo: missa, cavalo, dinheiro, jóias, viagem pro Rio de Janeiro, mas nada adiantou.
As portas não abriram e, pra piorar, a ventania voltou mais forte do que antes.
O moço já estava desesperado e foi aí que lhe falaram da Tiana benzedeira.
No mesmo dia, Nonô procurou a mulher. Então ela disse o que era pra ser feito e lhe deu um patuá.
Nonô encomendou uma tesoura de prata, a única que o Corpo Seco aceita, e voltou ao sítio assombrado.
Chegando lá, gritou:
- Boa tarde, seu Corpo Seco. Hoje eu trouxe uma tesoura de prata, do jeito que o senhor gosta, pra cortar as suas unhas e o seu cabelo.
Imagine se a criatura não ia gostar? Tantas décadas naquela casa, com as unhas enormes e o cabelão que não parava de crescer!
Nonô segurou forte o patuá, se benzeu e conseguiu entrar pela porta da frente, que se abriu sozinha.
Quando chegou na sala, viu o Corpo Seco sentado no sofá, com a cabeleira batendo no chão e as unhas que mais pareciam ganchos.
Nonô se aproximou e já foi tirando a tesoura de prata do bolso.
O Corpo Seco mostrou primeiro os cabelos e o moço foi cortando.Encerrado esse serviço, foi a vez de cortar as unhonas.
Assim que terminou as unhas da mão direita, Nonô disse para a assombração que precisava ir a um casamento, mas voltaria no dia seguinte.
A criatura ficou desapontada, mas não tinha o que fazer.
No outro dia, Nonô voltou ao sítio e lá de fora começou a prosa.
- Seu Corpo Seco, boa tarde. Eu vim, conforme o prometido, mas tenho uma coisa pra falar pro senhor.
Silêncio.
- Eu só corto as unhas da mão esquerda, se o senhor se mudar para aquele sítio, que também era seu, lá no Morro da Onça.
Silêncio.
- O sítio está abandonado, não tem ninguém morando lá. A casa está mais conservada que essa e o lugar é sossegado, o senhor deve se lembrar bem.
Silêncio.
- Estou aqui, à disposição, pra levar o senhor até a sua outra casa.
A porta se abriu. Saiu o Corpo Seco de lá e montou nas costas do rapaz.
Todo ano, por via das dúvidas, Nonô ia ao Morro da Onça cortar as unhas e os cabelos do Corpo Seco.
Era o jeito de garantir que a criatura não voltaria pra casa antiga.Afinal, nunca se sabe o que se passa na cabeça de uma assombração.
Corpo Seco marqueteiro. Pena que eu não posso aparecer por aí.
ResponderExcluirAss: Assombração do Parque Santo Antonio
E ainda bem que olho gordo de assombração volta pra quem mandou :p
ResponderExcluirCorpo Seco
Acho que o corpo seco não era tão turrão, conheço pessoas que não sairiam da casa antiga de jeito nenhum. Parabens pelo trabalho
ResponderExcluirAbraço de corpo magro, não seco
Joana Aranha
Oi Joana, tudo bem?
ResponderExcluirEu também acho que eu não sou turrão :)
Abraços!
Corpo Seco