Na região do Mato Dentro, moravam os irmãos Zé Curió e Tiana, que estavam sempre com o amigo Quinzinho.
Tiana, Zé Curió e Quinzinho nadavam no rio, ajudavam na roça, montavam a cavalo e passeavam na cidade. Lá, aprendiam com o padre o catecismo, muitas rezas e os nomes dos santos.
As crianças contavam os dias para ir à cidade e ver a Maria Fumaça. O trem passava apitando e deixando um rastro feito algodão no céu.
Tiana, Zé Curió e Quinzinho nadavam no rio, ajudavam na roça, montavam a cavalo e passeavam na cidade. Lá, aprendiam com o padre o catecismo, muitas rezas e os nomes dos santos.
As crianças contavam os dias para ir à cidade e ver a Maria Fumaça. O trem passava apitando e deixando um rastro feito algodão no céu.
Naquele tempo, tinha muita festa em Jacareí: Festa de São Benedito, de Nossa Senhora do Rosário, do Divino e outras festanças.
Os três amigos gostavam das rezas, de ver o pessoal dançar catira e moçambique, das cantorias, da comilança e dos doces.
Certa feita, o Zé Curió disse que conhecia uma festa encantada, lá do tempo dos escravos. O Quinzinho não acreditou, e até que chegasse o dia, ficou caçoando do Zé.
No primeiro dia daquela primavera, as crianças brincaram de descer o barranco em cima das folhas de bananeira, jogaram pião e pularam corda até o sol se pôr. Quando a lua já estava alta no céu, Zé Curió levou o Quinzinho pra ver a tal festa.
No primeiro dia daquela primavera, as crianças brincaram de descer o barranco em cima das folhas de bananeira, jogaram pião e pularam corda até o sol se pôr. Quando a lua já estava alta no céu, Zé Curió levou o Quinzinho pra ver a tal festa.
Chegando lá, encontraram uma fogueira enorme e vários homens tocando tambor em volta dela. O festejo era muito animado, as mulheres dançavam com as saias rodadas, uma coisa linda!
Durante a festa, foi plantada uma bananeira. Em poucos minutos a árvore cresceu e deu cacho.
O Quinzinho ficou de boca aberta.
Todo mundo comeu banana e outras comidas boas que tinham na festa, e o Quinzinho até guardou um biscoito de polvilho pra levar pra casa.
No dia seguinte, os dois meninos foram pescar no Paraíba e logo que apertou a fome, Quinzinho pôs a mão no bolso pra pegar o biscoito de polvilho. Mas quando olhou, cadê o biscoito? O que ele tinha na mão era um sabugo de milho.
O Zé Curió riu a valer do susto que o amigo levou.
Depois disso, Quinzinho nunca mais duvidou do Zé Curió.
...
Tiana e Zé Curió tinham uma avó que se chamava Ditinha. Ela era benzedeira e conhecia as ervas desde o tempo em que tinha sido escrava. Com ela as três crianças aprendiam rezas, simpatias e um jeito bonito de olhar a Natureza.
Se a vó ia entrar na mata ou colher uma erva pra fazer remédio, pedia licença. A vó Ditinha sempre pedia permissão pra entrar na casa dos bichos, das plantas e de tantos seres de Deus.
Havia o jeito e a hora certa de colher as plantas. Algumas, a vó raizeira ensinava que era pra pegar no orvalho da manhã, outras, só em noite de lua nova. Cada uma tinha a sua delicadeza.
Todo dia, Tiana e Quinzinho aprendiam uma coisa diferente com a vó Ditinha. Já o Zé ficou mais interessado em tocar sanfona.
...
Primavera veio, primavera foi, e o Zé Curió virou um sanfoneiro de dar gosto.
Tiana e o Quinzinho resolveram seguir o ofício da vó Ditinha.
Sempre que alguém ficava doente, com mau olhado, agoniado ou desenganado, os parentes chamavam a Tiana ou o Quinzinho.
Às vezes, nem precisava chamar. Os benzedeiros iam pra casa da pessoa, antes mesmo de serem avisados.
A Tiana também era parteira. Só com a reza, ela conseguia virar a criança que não estava do jeito certo para nascer.
O Quinzinho e a Tiana ainda faziam mezinhas pra curar cavalo, cachorro, pato, cabrito e toda sorte de bicho.
O tempo foi passando como um rio...
Os cabelos dos benzedeiros ficaram brancos, as ruguinhas tomaram conta do rosto e eles começaram a ser chamados de vó Tiana e vô Quinzinho.
Contam que a vó Tiana, às vezes, desaparecia sem quase ninguém perceber. Se a conversa não estava boa na cozinha, ela sumia e logo aparecia no meio do mato, mexendo com a terra.
E dizem que todo ano, quando era aniversário do vô Quinzinho, sua casa ficava rodeada de borboletas coloridas, até o anoitecer.
(do livro "Encantos e Malassombras de Jacarehy")
Contam que a vó Tiana, às vezes, desaparecia sem quase ninguém perceber. Se a conversa não estava boa na cozinha, ela sumia e logo aparecia no meio do mato, mexendo com a terra.
E dizem que todo ano, quando era aniversário do vô Quinzinho, sua casa ficava rodeada de borboletas coloridas, até o anoitecer.
(do livro "Encantos e Malassombras de Jacarehy")
Nenhum comentário:
Postar um comentário